"- Oi, sim sou eu, o teu velho par de
baquetas.
Acho que és o maior, e nem sinto o meu corpo,
quando pregas com as minhas pontas de madeira nos pratos, nos timbalões e na
caixa da bateria, mas oiço os ritmos que fazes e sinto que és mesmo o melhor.
Empenhas-te e esforças-te ao máximo para que chegues mais longe, levas-me para
o ensaio mesmo sabendo que só podes tocar com as baquetas de pontas de “náilon”.
Estava no meio da prateleira de baquetas da
MusiClass e era o par que ninguém queria comprar, até que apareceste tu. Com o
teu pai a tirar o dinheiro da carteira já se sabia o que é que iam comprar,
pois um baterista a iniciar as suas aulas, o que precisava mais era de umas baquetas.
Eu, habituada à rotina, nem dei ouvidos a
tal coisa, mas quando o teu pai disse que queria o par mais barato e tu olhaste
para mim, percebi que eras aquele rapaz que me ia comprar e levar-me contigo.
No entanto, tenho durado e aguentado mais tempo do que eu esperava, apesar de
já estar velha e marcada dos pratos-de-choque onde tocas.
O que acho que te faz tão especial, e um
baterista tão bom, é que, quando aprendes um ritmo novo, nunca desistes sem o
saber de cor.
Só quero dizer, neste texto, que tu foste a
luz que me iluminou, quando estava sozinha, na MusiClass."
Texto de Artur Pinguicha Ferreira, aluno do 6º ano
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